terça-feira, 30 de agosto de 2022

Deputado apresenta moção de repúdio contra uso de linguagem neutra

O deputado estadual Castello Branco apresentou proposta de Moção de repúdio ao uso de ‘linguagem neutra’ em comunicado emitido pela coordenação do Polo Taubaté do Projeto Guri, iniciativa cultural e de inclusão social do Governo do Estado de São Paulo.

A iniciativa foi registrada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo com o número 209/2022 e publicada no Diário Oficial em 23 de agosto. Na justificativa da propositura, o parlamentar relata que a coordenação da unidade teria utilizado o termo ‘todes’ em documento encaminhado aos pais e responsáveis dos alunos, gerando desconforto.

Em seu argumento, o deputado Castello Branco se mostra contrário ao uso de linguagem neutra, defendendo que seu uso estaria ligado a uma tentativa ideológica de desconstrução de papeis identitários biológicos.

O parlamentar vai além. Afirma que “os defensores da agenda ideológica pretendem criar um sistema educativo e pedagógico dentro do qual um dos passos seja permitir que a pessoa não se sinta reconhecida na sua natureza”.

Castello Branco ainda aponta que o uso da linguagem neutra poderia ocasionar problemas de cunho educacional, pois as crianças chegariam à escola influenciadas por uma cognição linguística baseada na estrutura gramatical da norma culta, que, segundo ele, seria binária.

O deputado estadual argumenta que sua preocupação estaria alicerçada nas teses do médico chileno Christian Schnake, especialista em Bioética, crítico da chamada ‘ideologia de gênero’ e da perspectiva de que o gênero seria uma construção social.

A Moção de repúdio aguarda posicionamento dos demais parlamentares antes de seguir para apreciação do Plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Entenda o debate em torno da linguagem neutra

Em artigo publicado na Revista científica Artemis, a professora Ana Lucia Pessotto, especialista em Linguística com pós-doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica que a linguagem neutra representa um movimento de contestação ao uso do gênero ‘masculino’ como elemento generalizante. A estratégia utilizada por grupos de defesa da neutralização do gênero masculino na língua tem sido a aplicação do ‘e’ no lugar da desinência de gênero ‘o’ e ‘a’.

Para esses grupos, conforme a pesquisadora, o uso do gênero masculino como generalizante favoreceria a construção de posicionamentos sexistas estruturados historicamente na sociedade. Esse posicionamento não é unânime, embora venha ganhando força nos últimos anos.

Em seu artigo, a professora Ana Pessotto reconhece a preocupação de linguísticas e da própria sociedade em relação à proposta de alteração da estrutura e da organização da língua portuguesa, mas ressalta que tais preocupações “não devem entravar o compromisso científico do linguista de observar seu objeto de estudo e descrever os fenômenos que surjam ao longo do seu desenvolvimento”, considerando a crescente neutralização do gênero gramatical em meios de comunicação, redes sociais e vídeoblogs.

Leia o artigo completo da Professora Ana Lucia Pessotto.

Serviço

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